Fui no jardim colher as rosas
A vovozinha deu-me a rosa mais formosa
Fui no jardim colher as rosas
A vovozinha deu-me a rosa mais formosa
Cosme e Damião, ÔOOOh Doun
Crispim , Crispiniano São os filhos de Ogum
Cosme e Damião, ÔOOOh Doun
Crispim , Crispiniano São os filhos de Ogum
Ibeji é o Orixá-Criança, em realidade, duas divindades gêmeas infantis, ligadas a todos os orixás e seres humanos.
Por serem gêmeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e nasce: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas, etc.
O Nome
A palavra Igbeji que dizer gêmeos e o orixá Igbeji é o único permanentemente duplo. Forma-se a partir de duas entidades distintas que cooexistem, respeitando o princípio básico da dualidade.
Ibeji na nação Ketu, ou Vunji nas nações Angola e Congo. É o Orixá Erê, ou seja, o Orixá criança. É a divindade da brincadeira, da alegria; a sua regência está ligada à infância.
Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como Exú, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com as suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo.
Ìbejì é o Òrìsà dos gêmeos. Da-se o nome de Taiwo ao Primeiro gêmeo gerado e o de Kehinde ao último. Os Yorùbá acreditam que era Kehinde quem mandava Taiwo supervisionar o mundo, donde a hipótese de ser aquele o irmão mais velho.
A importância de IBEJI
É o Orixá que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança. A sua determinação é tomar conta do bebé até à adolescência, independentemente do Orixá que a criança carrega.
Ibeji é tudo o que existe de bom, belo e puro; uma criança pode-nos mostrar o seu sorriso, a sua alegria, a sua felicidade, o seu falar, os seus olhos brilhantes. Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções durante o voo das aves, na beleza e perfume das flores.
A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância. Feche os olhos e lembre-se de um momento feliz, de uma travessura, e você estará a viver ou revivendo uma lenda deste Orixá. Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu na nossa infância, foi regido, gerado e administrado por Ibeji. Portanto, Ibeji já viveu todas as felicidades e travessuras que todos nós, seres humanos, vivemos.
Existe uma confusão latente entre o Orixá Igbeji e os Erês. É evidente que há uma relação, mas não se trata da mesma entidade. O Erê é o intermediário entre a pessoa e seu Orixá, é o aflorar da criança que cada um guarda dentro de si; reside no ponto exato entre a consciência da pessoa e a inconsciência do orixá. São duas divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos Cosme e Damião. Ao contrário dos erês, entidades infantis ligadas a todos os orixás e seres humanos, são divindades infantis, orixás-crianças.
IBEJI NO BRASIL E NO MUNDO
O culto aos gêmeos remonta aos tempos mais antigos. Na mitologia grega encontramos os heróis gêmeos também chamados Dióscuros, Castor e Pólux. Conta-se que as famílias romanas os invocavam por ocasião de doenças, principalmente em crianças.
Em quase todas as culturas, o nascimento de gêmeos sempre era considerado prenúncio de coisas boas. Em Togo, no Daomé e na Nigéria Ocidental, a ocorrência de dois ou três filhos no mesmo parto era motivo de grande júbilo, e a mãe recebia grandes homenagens.
Os Ibejis são orixás nagôs que representam os gêmeos a simbolizam a fecundidade. Quase nada se tem encontrado sobre a lenda africana de Ibejis. A esse respeito não encontramos subsídios em Pierre Verger.
Câmara Cascudo diz-no o seguinte:
“Ibejis são orixás jeje-nagôs, representados no Candomblé pelos santos católicos gêmeos Cosme e Damião. Não há fetiche dos Ibejis, que em Cuba são os Jimaguas, estes sem qualquer semelhança com as imagens católicas. Os africanos católicos da Costa de Escravos costumavam batizar seus filhos gêmeos com os nomes de Cosme e Damião. O culto dos Ibejis nos nagôs é uma homenagem à fecundidade. Nina Rodrigues identificou os Ibeji nas formas bonitas dos dois santos mártires, ligando-os à religião negra. Inexplicável é o desaparecimento dos ídolos Ibeji e a sobrevivência cristã de Cosme e Damião. Dos Ibeji caracterizadamente nada se conhece no Brasil”.
Fernando Ortiz, na sua obra Los Negros Brujos, dis que os orixás Ibejis são as divindades tutelares dos gêmeos, idênticos ao deus Hoho das Tribos Ewe (jejes). Aos Ibejis está consagrado um pequeno mono chamado Edon Dudu ou Edun Oriokun, e geralmente a um dos meninos gêmeos se chama também Edon ou Edun. Os bruxos cubanos dizem a Fernando Ortiz ser Jimagua representação de Dadá e Ogun, irmãos de Xangô, tanto assim que a faixa que os envolve é vermelha.
CARACTERÍSTICAS DE IBEJI
A principal características dos orixás Ibejis é a alegria e a ingenuidade. A alegria é irradiante e, nos Templos de Umbanda chega a ser cômica a participação de adultos incorporados com espíritos infantis, assumindo a postura e procedendo como crianças de tenra idade.
É comum estabelecer-se um relacionamento cordial entre o consulente, ou mesmo o visitante do Templo, e o espírito manifestado e, às vezes, torna-se mesmo inconveniente e temerário, pois a criança sem maldade alguma, diz o que ouviu e o que pensa, causando amiúde situações embaraçosas.
No Candomblé, a presença do chamado “estado de Santo”, no que diz respeito a Ibeji, caracteriza-se por um período de transição e normalização do médium manifestado, ou seja, após a incorporação ou a chegada ao estado de transe do orixá. Para voltar a normalidade, o médium necessita passar pelo estado de “erê” que, sem ser necessariamente incorporação, é regressão ou um estado mental que o médium sente-se e comporta-se como criança.
LENDAS DE IBEJI
Existiam num reino dois pequenos príncipes gêmeos que traziam sorte a todos. Os problemas mais difíceis eram resolvidos por eles; em troca, pediam doces balas e brinquedos.
Esses meninos faziam muitas traquinagens e, um dia, brincando próximos a uma cachoeira, um deles caiu no rio e morreu afogado. Todos do reino ficaram muito tristes pela morte do príncipe.
O gêmeo que sobreviveu não tinha mais vontade de comer e vivia chorando de saudades do seu irmão, pedia sempre a orumilá que o levasse para perto do irmão. Sensibilizado pelo pedido, orumilá resolveu levá-lo para se encontrar com o irmão no céu, deixando na terra duas imagens de barro. Desde então, todos que precisam de ajuda deixam oferendas aos pés dessas imagens para ter seus pedidos atendidos.
Contam os Itãns (conjunto de lendas e histórias passados de geração a geração pelos povos africanos), que os Igbejis são filhos paridos por Iansã, mas abandonados por ela, que os jogou nas águas. Foram abraçados e criados por Oxum como se fossem seus próprios filhos. Doravante, os Igbejis passam a ser saudados em rituais específicos de Oxum .
Sincretismo: São Cosme e São Damião
Os santos católicos viveram no oriente e também foram perseguidos por Diocleciano. Historicamente pouco se sabe sobre eles, sabe-se que eram gêmeos e foram médicos.
Em grego eram chamados de “anargiros”, isto é, sem dinheiro. Isso porque não cobravam por seus préstimos e curavam não somente os homens, mas também os animais e pouco se sabe sobre a morte de ambos.
O fruto do sincretismo dos orixás Ibejis com os santos católicos – São Cosme e São Damião – decorre principalmente da representação plástica, através da escultura e da pintura, dos irmãos médicos sacrificados por Diocleciano, conforme foi visto anteriormente.
Para os africanos, geralmente o nascimento de gêmeos significa uma especial bênção divina, visto ser fato raro e isolado. O negro africano sempre viu no nascimento de gêmeos a vontade expressa do senhor, o que facilmente se compreende, pois seriam mais braços para a lavoura e para a lida de todo dia, antecipada pela vontade divina.
Raramente conseguimos identificar, pela simples aparência, gêmeos na idade adulta. Isto porque, com exceções dos gêmeos univitelinos (mais raros ainda), são exatamente iguais. Os gêmeos comuns só se parecem fisicamente até os sete (até dez) anos de idade. A partir de então, a diferença de personalidade leva-os a vestir-se de formas distintas, a ter corte de cabelo, roupas e hábitos diversificados. Daí, a primeira idéia que nos ocorre, sempre que falamos em gêmeos, é relacioná-los com crianças, quando os pais os vestem da mesma forma e tudo fazem para que um seja a cópia fiel do outro.
Quando um negro africano vê a imagem de São Cosme e São Damião, esta imagem, pelos trajes e pela própria forma de representação, lembra mais duas crianças do que dois adultos. Ora, o orixá do parto gêmeo, Ibeji, já estava conseqüentemente identificado com os santos católicos, e a religiosidade popular encarregou-se de arraigar a crença de que Cosme e Damião eram crianças, embora saibamos que foram médicos e, conseqüentemente, adultos. Muitos pedidos de cura são feitos, os Cosme e Damião pelo fato de terem sido médicos em vida.
São Cosme e São Damião são considerados, pela classe médica, patronos dos cirurgiões; são também considerados patronos da Polícia Militar do Rio de Janeiro, e isto se deve ao seguinte fato: Por volta de 1.950, dado o estado de miséria e proliferação de favelas no Rio de Janeiro, o número de marginais cresceu de forma tal que eram comum três ou quatro favelados desesperados, assaltarem e, não raro, matarem o policial para tomar-lhe a arma e poder praticar vários assaltos.
Para resolver imediatamente esse problema, o Comando da Polícia Militar carioca determinou que o policiamento ostensivo passasse a ser feito em duplas. Essas duplas foram prontamente batizadas pelo carioca com o simpático apelido de Cosme e Damião. A corporação gostou e os nomeou patronos da Polícia Militar.
doum – lenda ou orixá
Na representação católica, encontramos sempre e exclusivamente as figuras de Cosme e Damião, sem nenhuma referência séria à personagem Doum.
Ronaldo Linares, após pesquisas exaustivas sobre o assunto, não havia conseguido nada de positivo sobre a existência física deste simpático terceiro irmão. Em 1.969, numa conversa informal com o Sr. José Francisco Holwat Gusmão, primeiro lojista de artigos de Umbanda e Candomblé do Rio de Janeiro e que tinha uma loja na Ladeira do Faria, próximo à Estação Central do Brasil, este relatou o seguinte:
- “A princípio vendia ervas, produtos animais e velas num tabuleiro próximo à Estação. Com a melhoria nos negócios, resolveu estabelecer-se, adquirindo as instalações de uma falida joalheria nas imediações. Em uma das vitrinas, procurando agilizar seu comércio, ele passou a expor, com destaque, os santos comemorados naquele mês.
Em setembro, um garoto que com ele trabalhava, acomodava as imagens, separadas, de São Cosme e São Damião, quando uma delas caiu e quebrou-se. O garoto teve a idéia de colocar a imagem restante entre outro par de imagens de tamanho maior, apenas por uma questão de estética. O povo da Guanabara havia se acostumado a chamar a Cosme e Damião de “dois-dois” e, mal o garoto acabou de arrumar a vitrina, um irreverente carioca, estanhando a figura solitária entre os “dois-dois” perguntou:
- “Ô meu, quem é o baixinho no meio dos ”dois-dois”?”.
O garoto respondeu: - “Sozinho no meio dos “dois-dois” só pode ser o “doum”.”
A religiosidade popular encarregou-se de perpetuar essa figura, que hoje é exclusiva da Umbanda e simboliza uma criança. Hoje é comum, entre as crianças do Rio de Janeiro, o nome próprio do Doum, o que não é de estranhar, pois também não havia o nome Aparecida até o advento da imagem da Virgem Maria nas águas do Rio Paraíba.
Outra versão nos diz que os negros chamavam Doú o filho gestado e nascido depois de um parto gêmeo. Doú ganhou um “m” no final, pela tendência da nossa língua, em que uma consoante nasal provoca o anasalamento da vogal seguinte.
SÃO CRISPIM E SÃO CRISPINIANO
Além de São Cosme e São Damião, os orixás Ibejis são também sincretizados com santos, gêmeos ou não, que sejam representados em duplas, como, por exemplo, São Crispim e São Crispiniano, padroeiros dos sapateiros. Estes santos são também mártires cristãos e sua data é comemorada em 25 de outubro.
Lenda: